Meus 5 centavos sobre o Deep Seek (e por que todo mundo tá surtando)

A primeira vez que ouvi falar sobre o Deep Seek, a mais nova queridinha do mundo da inteligência artificial, foi na primeira semana de janeiro de 2025. Confesso que, no começo, não dei muita bola. O fato de a maior parte do material fonte estar em mandarim só aumentou meu desinteresse. Mas isso teve que mudar. No dia 27 de janeiro, as gigantes da IA no Vale do Silício foram pegas de assalto. Não porque o Deep Seek é necessariamente melhor do que elas, mas porque seu desenvolvimento foi MUITO, mas MUITO mais barato. Mais barato até mesmo que o Llama, que já é open source. Ah, e claro, eles também lançaram um aplicativo no estilo ChatGPT, o que fez sua popularidade explodir entre leigos e criadores de conteúdo sobre tecnologia. Em poucos dias, virou trend em todas as redes sociais.

E agora, a bolha da IA explodiu?

Calma, meu caro padawan, a bolha da IA não explodiu (ainda). O que desmoronou foi a crença de que construir modelos LLM’s exigem dezenas de milhões de dólares. Isso foi colocado em cheque, tanto no mercado financeiro quanto no setor de tecnologia (e sejamos sinceros, na política também). Segundo a própria Deep Seek, eles gastaram menos de 6 milhões de dólares para desenvolver seu modelo. Pode parecer muito dinheiro pra mim e pra você, mas para as big techs, isso é troco de pinga. Só pra você ter uma comparação, a OpenAI gastou U$100 milhões no GPT-4.

O que esperar do futuro próximo?

Rodar modelos localmente, com baixo consumo de energia e desempenho equivalente aos pagos e fechados? Foi isso que a Meta prometeu, e convenhamos… não entregou a contento. Por isso, vejo com um pouco de ceticismo as promessas do Deep Seek. Mas se tudo for verdade, é a melhor coisa que poderia acontecer. Nada motiva mais a inovação do que a concorrência. As empresas do Vale do Silício vão ter que repensar não só seus modelos de IA, mas também suas políticas de preços. Hoje, usar essas IAs em larga escala é um desafio financeiro, o que limita drasticamente o acesso. Baratear essa tecnologia pode, de fato, democratizar a inteligência artificial. Quem sabe até a padaria do seu Zé vai ter um chatbot capaz de avisar quando sai o pão quentinho, perguntar se você quer receber em casa e até chamar um motoboy pra fazer a entrega pra você.

O Deep Seek não colapsou o mercado de IA. Pelo contrário, ele sacudiu a indústria e forçou as gigantes do setor a repensarem seus planos megalomaníacos, revisarem suas estratégias e, inevitavelmente, voltarem para a prancheta para encontrar novas formas de se manterem competitivas.

Ah, e antes que alguém solte um “Aiin, mas o Deep Seek é chinês, tudo que eles fazem é cópia barata, blá blá blá”, sai da caverna, cara. A China já é uma potência em inteligência artificial, semicondutores e supercomputação, e ignorar isso por puro preconceito ou ideologia barata é um erro estratégico. Não é de hoje que empresas chinesas desafiam o Vale do Silício, seja em inovação, custo ou escalabilidade. Enquanto algumas pessoas insistem nesse discurso ultrapassado, a China está investindo pesado em pesquisa, formação de talentos e infraestrutura, liderando avanços que impactam diretamente o mercado global. Você não precisa aprender mandarim, mas se continuar fingindo que esse movimento não existe, vai ficar pra trás – e rápido.

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